Rátis: lista de funcionários, que tem vices remunerados, será verificada

Atualizado em 07/08/2013

Segundo estatuto do Bahia, vice-presidentes só podem receber salários com aprovação da Assembleia. Irmãs de dirigente também estão na lista

 

Bahia divulgou lista de funcionários na ultima segunda

O Bahia divulgou, na noite desta segunda-feira, a lista com os 360 funcionários remunerados pelo clube, incluindo os jogadores. A medida, tomada pelo interventor Carlos Rátis, externou possíveis problemas da administração do presidente afastado Marcelo Guimarães Filho. Entre os funcionários do Tricolor baiano, estão um ex-integrante de torcida organizada, duas irmãs do ex-presidente e até mesmo o presidente do conselho deliberativo do clube, Ruy Oliveira Accioly Lins.
Procurado pelo GLOBOESPORTE.COM, o interventor afirmou que vai verificar as possíveis irregularidades no corpo de empregados do clube. Ele alegou que no momento a preocupação maior é com a finalização do recadastramento de sócios, que termina nesta quarta-feira. No entanto, Rátis prometeu avaliar isoladamente os contratos de cada um dos funcionários listados.
- Se tem mãe, pai, irmã, major, eu só sei pelo que foi divulgado pela imprensa. Isso precisa ser verificado caso a caso, e será. Nós apenas divulgamos a lista. No entanto, neste momento nossas forças estão voltadas para o recadastramento de sócios que termina nesta quarta - disse Rátis.

Além destes funcionários, o Bahia paga também salário a dois vice-presidentes da agremiação. Na lista divulgada pelo clube, Maurício Castro de Carvalho e Tiago de Melo Cintra aparecem como vice-presidente financeiro e vice-presidente de esportes olímpicos, respectivamente. De acordo com o estatuto vigente, de 2008, o pagamento de salários aos vice-presidentes é permitida, mas precisaria da aprovação de, ao menos, 2/3 da assembleia geral.
Veja a seguir.


- Os cargos de Presidente e Vice-Presidentes poderão ser remunerados, de acordo com a disponibilidade do ECB, apurada em parecer do Conselho Fiscal e aprovação por, pelo menos, 2/3 da Assembleia Geral – diz o regimento do clube.
O estatuto reformado, que foi aprovado em 2011, mudou este item. No entanto, ele não foi registrado em cartório e, por isto, não tem valor legal.
- Os cargos de Presidente e Vice-Presidentes poderão ser remunerados, de acordo com a disponibilidade do Clube, apurada pelo Conselho Fiscal – diz o estatuto que foi aprovado, mas não registrado.
Interventor Carlos Rátis confirmou ao GLOBOESPORTE.COM que todas as decisões são tomadas com base no estatuto de 2008, o que torna a remuneração dos vice-presidentes ilegal.
Apesar dos cargos de Maurício de Carvalho e Tiago Cintra explicitados na relação que foi publicada, a assessoria de imprensa do Tricolor alega que os dois acumulam as funções de vice-presidente e diretor executivo de suas áreas. Neste caso, a remuneração não iria de encontro ao estatuto do clube. No entanto, nem a lista divulgada na segunda-feira nem a nota publicada no site do Bahia em 10 de janeiro deste ano abordam o suposto acúmulo de funções.
- Tiago Cintra, que desde 2009 ocupava a Vice Presidência Financeira do Bahia, será Vice Presidente de Esportes Amadores, trabalhando ao lado de Newton Mota no comando das divisões de base do Esquadrão de Aço. (...) Em sua vaga na Vice Presidência Financeira, entrará Mauricio Carvalho, que era o atual diretor financeiro do Bahia - diz o texto publicado no início deste ano sobre as modificações na administração do clube.

Nota oficial do Bahia sobre Tiago Cintra e Maurício Carvalho (Foto: Reprodução)

Além disso, a lista de funcionários do Bahia conta, no total, com dez conselheiros - todos afastados após a intervenção: Bruno Brizeno de Araújo, Claus Dieter Ahringsmann, Diego Torres Pinto, Elizeu Antonio V. Ferreira de Godoy (ex-jogador e atual comentarista da Rádio Metrópole), Jorge Miranda Copello Júnior, José Hildon Brandão Lobão, Leandro de Mello Bahiense, Maurício Castro de Carvalho, Roberto Vieira Passos e Ruy Oliveira Accioly Lins. O estatudo não delimita que conselheiros não possam ser empregados do clube, mas determina que aqueles que assumem cargos na diretoria executiva da agremiação ficam licenciados do Conselho, o que deveria ocorrer nos casos de Maurício Castro de Carvalho e Ruy Oliveira Accioly Lins, que integravam Conselho destituído pela Justiça no mês de julho.
Irmãs de ex-presidentes são advogadas

Luciana de Medeiros Guimarães e Renata de Medeiros Guimarães, irmãs do presidente afastado do Bahia, Marcelo Guimarães Filho, são diretora e gerente do departamento jurídico do clube, respectivamente. De acordo com informação divulgada pelo jornal A Tarde, as duas recebem juntas R$ 23 mil de remuneração. Não há proibição para a contratação de parentes de dirigentes e funcionários. Ao jornal Correio*, o ex-vice-presidente jurídico Ademir Ismerim disse que durante o período em que esteve no clube, tinha conhecimento que apenas uma das irmãs do ex-presidente trabalhava. O advogado disse não lembrar de Renata Medeiros Guimarães, que é a gerente jurídica do clube, de acordo com a lista de funcionários publicada no site oficial do Bahia. Segundo ele, Luciana de Medeiros Guimarães trabalha no clube.
Ainda na lista, chama atenção a presença de um policial militar, que trabalha para o clube como encarregado de segurança. O major José Hildon Brandão Lobão, lotado na cidade de Feira de Santana, a 110 km de Salvador, é o homem forte da segurança tricolor. De acordo com nota divulgada pela assessoria de imprensa da Polícia Militar da Bahia, a corporação investigará o caso. "A PM-BA informa que irá apurar o fato, em feito investigatório, como previsto em seu Estatuto, analisando a existência de transgressão", disse a nota. Além de funcionário, José Hildon Brandão Lobão integrava o Conselho destituído pela Justiça no mês passado.