Atualizada às
Maior parte é terceirizada. Falta de informação dificulta a busca sobre a situação de funcionários
O império do empresário Eike Batista vem
provocando demissões à medida que revê seus planos de negócios e fica
cada vez mais enxuto, seja por passar o controle de projetos e negócios
para outras empresas, como também cancelar contratos e encomendas.
Empresas, sindicatos e órgãos da Justiça confirmam até agora cerca de 2.590 demissões, diretas e indiretas.
os cortes referem-se a funcionários próprios da
OGX e OSX; a empregados em um projeto de estaleiro em Pontal do Paraná
(PR), que aconteceram depois de a OSX cancelar uma encomenda; e a 1,6
mil trabalhadores demitidos do Porto de Açu, no Rio de Janeiro.
O porto é um projeto da LLX, que foi recentemente adquirida pela americana EIG
. No mesmo local, a OSX constrói um estaleiro.
A petroleira OGX e a empresa de construção naval OSX
respondem pela maior parte dos cortes por registrarem uma condição
financeira mais frágil. Fontes do mercado financeiro acreditam que a OGX deve pedir recuperação judicial esta semana. A OSX é a empresa do grupo que está mais relacionada à condição financeira da petroleira. Isso porque a OSX depende de encomendas da OGX.
Problemas no Açu.
A OSX confirma a demissão de 300 funcionários próprios, devido ao adiamento das obras de implantação do estaleiro do Porto de Açu, anunciado em maio. Na época, a empresa lamentava a mudança de conjuntura, devido a novas demandas de clientes e a investimentos de capital.
Diante deste adiamento, foram realizadas adequações no quadro de funcionários próprios e de terceiros alocados na construção do empreendimento. Na época, foram desmobilizados cerca de 300 trabalhadores do quadro da OSX – pouco mais de um terço do total. Atualmente, a companhia conta com cerca de 700 funcionários próprios, e não diz quantos são terceirizados em projetos.
Em janeiro, o Ministério Público do Trabalho
(MPT) de Campos dos Goytacazes (RJ), ordenou a reintegração dos
trabalhadores da OSX. A empresa revogou a decisão e, devido ao dano
moral coletivo, o MPT obrigou a empresa a oferecer cursos
profissionalizantes na região.
José Eulálio, presidente do Sindicato dos Trabalhadores
da Indústria de Construção do Rio de Janeiro (Sticoncimo-RJ), calcula
que 1,6 mil trabalhadores já foram demitidos no Porto de Açu. "Eles
trabalhavam para empresas como OSX, Acciona, Armatec e Mendes Júnior".
Procurada, a Acciona respondeu que não comenta
contratos com clientes. A Mendes Junior aponta que tem apenas
participação na Integra Offshore, sociedade de propósito específico
(SPE) em parceria com a OSX.
A empresa atua na Unidade de Construção Naval
do porto e realiza projeto para atender à Petrobras. "Desde a fundação,
não ocorreram demissões em massa na Integra. Ao contrário, a empresa
está em processo de contratação", diz a empresa, em nota.
Em resposta, a LLX diz que, como qualquer obra dessa
magnitude, é normal a mobilização e desmobilização de frentes de
trabalho em virtude da evolução de cada etapa da obra. "Com o encerramento de contratos e desmobilização de frentes de obra por término de atividades, no porto do Açu foram desmobilizados cerca de 50 profissionais entre próprios e terceiros. Atualmente, cerca de 7 mil pessoas atuam na construção de empresas no complexo", disse a empresa, em nota.
Tempo de vacas magras chegou à equipe de segurança do ex-bilionário.As demissões na OSX aconteceram após denúncias
de irregularidades, constatadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego
(MTE). Entre elas, falta ou atraso de pagamentos, condições insalubres
de alojamentos e falta de mão de obra local. "A maior parte dos
trabalhadores são estrangeiros, entre eles paraguaios e angolanos", diz
José Eulálio.Na opinião do sindicalista, a obra, principalmente a
construção do estaleiro, não estava sendo bem administrada. "A OSX era
contratante dos funcionários, mas existem de seis a oito subcontratadas.
Tivemos de lutar na Justiça para representar estes funcionários",
afirma.No dia 6 de novembro, está agendada uma audiência pública
na Assembleia Legislativa do Estado para verificar a possibilidade de
reintegrar estes trabalhadores à obra, agora com a nova controladora, a
EIG. PetroleiraA OGX
confirma 90 demissões, mas não confirma quantos funcionários tem no
total. Foram cortados 30 em janeiro e outros 60 no começo deste mês.
Segundo a assessoria da empresa, cerca de 20% destes funcionários são
terceirizados. No último balanço financeiro divulgado, a petroleira
tinha 350 funcionários no total, mas a empresa adverte que parte deste
número pode ter saído da empresa "por conta própria".A empresa diz que não sabe se houve demissões entre
funcionários terceirizados, e nem quantos funcionários estão nestas
condições. A OGX anunciou recentemente a suspensão da produção em três
campos petrolíferos na Bacia de Campos (litoral do Rio de Janeiro), mas o
pedido foi negado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).O Sindicato dos Trabalhadores Offshore do Brasil
(Sinditob), que é o representante dos trabalhadores da OGX, não
respondeu aos pedidos da reportagem sobre a situação dos funcionários
diante do futuro incerto da empresa. Outros casosSegundo fontes que não quiseram ser identificadas, a
Techint, empresa construtora de plataformas para atividades
petrolíferas, havia demitido, até setembro, 1,2 mil funcionários após a
OSX cancelar encomendas que, por sua vez, haviam sido canceladas pela
OGX. O número de trabalhadores desligados, já está desatualizado, pode
ser maior.Procurada, a Techint não entrou em contato com a reportagem até a publicação desta matéria.
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