terça-feira, 20 de agosto de 2013

As lutas de Walter: infância dura, drama da filha e briga com a balança

Atualizado em 20/08/2013

Destaque do Goiás no Brasileiro, atacante diz que o futebol o salvou da criminalidade e faz um desabafo: ‘Não precisa chamar de gordinho’

Para parentes e amigos do Coque, favela do Recife em que nasceu e foi criado, ele é Quico. Entre os torcedores do Goiás, Tufão. Apelidos nunca foram um problema para Walter, mas o mais recente deles tira o atacante do sério. O sorriso, que já é raro, desaparece por completo do rosto quando é chamado de gordinho. Não que ele não reconheça que esteja acima do peso, pelo contrário, mas sente-se ofendido. Fica magoado mesmo.
Aos 24 anos, com 1,76m, e 93 quilos, Walter vive o melhor momento da carreira. O excesso de peso vem acompanhado da fartura de gols. São 21 na temporada, número que o coloca em quinto lugar no ranking dos artilheiros do Brasil em 2013. Desde que chegou ao Esmeraldino, na metade do ano passado, foi goleador da equipe em todas as competições que disputou até aqui.
Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM (assista ao vídeo acima) na Serrinha, em Goiânia, Walter deixou claro que a briga com a balança não é nada perto do que já teve de enfrentar. Quem hoje corre para perder peso corria muito na infância atrás de bola e com medo de ser achado por uma bala perdida. Foram muitas as vezes em que invadiu casas de desconhecidos para fugir dos tiroteios.
- Minha mãe saía atrás de mim louca por causa do tiroteio. Já invadi muito a casa dos outros. Nem conhecia. Entrava na primeira casa que via - conta.Veja entrevista completa a seguir.



MOSAICO - WAlter goiás entrevista (Foto: Richard Souza)
Caçula de uma família de seis filhos, Walter não tem dúvidas de que foi salvo pelo futebol. As chuteiras dadas pela mãe, Edith, de certa forma o levaram para um caminho diferente dos irmãos Waldemir, morto no Coque aos 18 anos, e Waldex, preso por roubo. 
- O futebol me salvou de muitas coisas. Você está numa favela, sem estudo, ou ia trabalhar com qualquer coisa ou ia ser bandido.
Na conversa, o jogador também falou sobre as passagens conturbadas por Inter, Porto e Cruzeiro, da batalha que ele e a esposa Vanessa travaram pela sobrevivência da filha Catarina Vitória, que nasceu em Portugal com apenas seis meses, e dos sonhos. Walter sua a camisa para perder quatro quilos, sofre para evitar as guloseimas, mas sabe que isso pesa quase nada para quem tantas vezes lutou para estar vivo.
Abaixo, a íntegra da entrevista:
GLOBOESPORTE.COM: Há quanto tempo não te chamam de Quico?
Walter: Muito tempo, muito tempo mesmo. Tenho que voltar para o Coque para me chamarem assim. Muitos me chamam de Walter. Só quando chego ao Recife é que me chamam de Quico.
Por que Quico?
Não sei, cara. Brincava muito quando era criança, ficava muito com a bola, bochecha grande. Acho que foi mais por isso. Sempre ficava com a bola. Primeiro presente que ganhei da minha mãe foi uma bola, não largava por nada.
Qual é a imagem da infância que você não esquece?
Foi o momento em que minha mãe chegou e me deu uma chuteira. Até estranhei. Para que uma chuteira? Lá, nós jogávamos descalços. Tinha oito anos, ela tinha trabalhado demais para conseguir uma chuteira. Foi um presente que ela me deu e não esqueço mais.
Essa cabeça, muito festejada pelos torcedores do Goiás, já carregou cesta com perfume para ajudar a mãe?
Não carreguei porque ela não deixava. Me deixava em casa com minha avó e ia trabalhar no meio da favela, com tiroteio, nunca deixava de vender perfume. Era ali que tirava o café, o almoço e a janta para nós. Fico orgulhoso de falar da minha mãe. Fez muito por mim e faz muito ainda.
Waldex está preso. Foi fazer coisa errada, roubar um ônibus. Mas ele é uma pessoa boa, não precisa disso. Ele sempre morou com a minha mãe, e o que dou pra eles é para não precisar roubar ninguém. Minha mãe vai direto (ao presídio). Eu o visitei, ele começava a chorar"
Walter
Ela não deixava você ajudar?
Não, eu era muito pequeno. Ela nunca deixava. Se ela soubesse que eu estava trabalhando, ela brigava. Sempre quis trabalhar para trazer a comida para casa. Eu ficava em casa estudando e ela corria atrás de tudo.
Lembra os nomes dos seus irmãos, pela ordem, por favor.
Sueli, Suzy, Wandeork e Waldex, esses quatro irmãos.
Teve um outro, né?
O outro é o Waldemir. Faleceu...mataram, né? Eu tinha seis anos de idade. Lembro pouco. Ele morreu com 18 anos, sinto falta, apesar da pouca convivência, mas Deus sabe o que faz.
O que ouviu falar desse episódio. Como entendia tudo aquilo?
Me lembro que estávamos em casa, minha mãe fez um bolo para ele. Ele falou que tinha que voltar para o Coque. Minha mãe tinha saído de lá por causa dele. Ele falou que tinha que voltar para a casa da namorada. Foi morto dentro do ônibus. Alguém passou a fita. Foi o que aconteceu. O bandido entrou no ônibus, deu quatro, cinco tiros. Foi uma violência muito cruel. Fiquei muito triste. Tinha seis anos só, mas era esperto. Foi algo no meu bairro. Mas Deus sabe que faz.
O que você viu no Coque?
Vi muita coisa, muita coisa mesmo. Vi roubo, morte na minha frente. Vi tiroteio, corria no meio do tiroteio. Estava parado num lugar, começava a ouvir tiro e tinha que correr. Minha mãe saía atrás de mim louca por causa do tiroteio. Já invadi muito a casa dos outros. Nem conhecia. Entrava na primeira casa que via. Hoje, o Coque está muito calmo, mas antes era uma das favelas mais perigosas do Recife. Vi gente morrendo aqui, ó (aponta para o chão).
Há outro caso de um outro irmão seu. O que aconteceu com ele e qual o contato que você tem com ele?
Waldex está preso. Foi fazer coisa errada, roubar um ônibus. Mas ele é uma pessoa boa, não precisa disso. Ele sempre morou com a minha mãe, e o que dou pra eles é para não precisar roubar ninguém. Minha mãe vai direto (ao presídio). Eu o visitei, ele começava a chorar, dizia que não queria que eu fosse lá. Falei que é meu irmão, que gosto dele, fico mais triste é por ver minha mãe ter que estar lá quase todo domingo. Os policiais não respeitam a visita, já vi gente xingando minha mãe, e você tem que ficar calado. Você vai passar e é caçado, tira a roupa toda. É uma coisa triste, que não quero passar para ninguém. É muito difícil.
E o que você fala para o seu irmão?
Falei para ele não fazer o que fez de novo. Se fizer, vai cair de novo aqui (na prisão), vai sofrer e vai perder o irmão também. Eu dou conselho, minha mãe, meu outro irmão. Sei que ele é uma pessoa boa. Ele é ruim para ele mesmo. Falta pouco tempo para ele sair, vai voltar para casa e a gente vai voltar a brincar muito.
O caçula da família sempre foi o mais paparicado?
Com certeza. Quando eu tinha 13 anos, chegou uma proposta para ir para o Vitória, mas minha mãe não queria deixar. Você entra lá em casa e só tem foto minha. Meus irmãos ficam bravos. Me sinto grandão (risos).
Você acha que o futebol te salvou?
O futebol foi tudo para mim. Eu não sei o que seria de mim. Não tenho bom estudo, não gostava de estudar. Meu negócio era correr atrás de bola, fugia da escola, ficava no videogame. Aprontei muito. O futebol me salvou de muitas coisas. Você está numa favela, sem estudo, ou ia trabalhar com qualquer coisa ou ia ser bandido. Deus me deu um dom, que foi jogar futebol, e com esse dom cheguei no profissional. Eu tinha essa dúvida. Será que vou ser profissional? Mas eu consegui, hoje sou profissional.
Observei o Walter por muito tempo na base do Inter, ele sempre foi impressionante. É um jogador que sempre teve esse problema para controlar o peso, mas tem muita qualidade. Walter foi muito importante para a Seleção na conquista daquele Sul-Americano e, infelizmente, teve uma grave lesão no joelho pouco antes da Copa do Mundo sub-20 e teve de ficar fora. Fez muita falta"
Rogério Lourenço, técnico de Walter
na Seleção sub-20
O Inter foi sua formação?
Sem dúvida. O ano de 2009 foi bom e difícil. No começo do ano, peguei Seleção, fui campeão sul-americano, artilheiro. Quando voltei, machuquei o joelho. E quem se machucou sabe que é difícil. Agradeço a todos do Inter que me trataram muito bem, a estrutura que me deram para voltar em 2010 muito bem. Foi aí que voltei a aparecer na Libertadores de 2010. Oito meses depois, voltei bem, fui titular em quase todos os jogos da Libertadores, cheguei às quartas de final e depois da semi fui vendido para o Porto.
Como era a relação com o técnico Jorge Fossati?
Muito boa, me colocava para jogar. Quando precisava, dava bronca, chegava firme. É uma pessoa muito boa, que vou guardar para o resto da vida.
Qual foi o episódio em que você ficou trancado dentro de casa?
O Inter contratou muitos jogadores ganhando não sei quanto, quase duzentos, cento e poucos mil, e eu na base ganhando 15 mil e jogando de titular. Aqueles que recebiam mais não iam nem para o banco. E eu na base ralando. Estava jogando de titular, fazendo gol, cheguei para o diretor e falei que queria um aumento, ele falou para mim que tinha aumentado, que ia aumentar. Saiu na imprensa que já tinha aumentado e não aconteceu. Chegou um momento em que eu falei que não ia jogar no Inter, que o salário não dava nem para ajudar minha mãe. Tinha comprado uma casa para ela, mais o aluguel do meu apartamento, ficava com quatro mil por mês. Prometeram que iam pagar e não pagaram. Foi aí que fiquei 15 dias trancado dentro de casa. Graças a Deus deu certo e fui vendido.
E lá em Portugal?
No primeiro ano fui campeão de tudo: Liga Europa, Taça de Portugal, Campeonato Português, a Supertaça. Fui um ano muito bom, Conheci grandes jogadores, como Falcao García, Hulk, Fernando. No outro ano foi que aconteceu a coisa da minha filha, nasceu com seis meses, pequena, prematura. Foi aí que minha cabeça não ficou boa. Era hospital, treino. Pouca gente sabia o que estava acontecendo. O rendimento caiu e muito. Passei um momento muito difícil com minha família.
Quanto tempo ela ficou no hospital?
Três meses. O médico falou que do jeito que ela nasceu tinha pouca chance de vida. Se ficasse viva, teria algum problema. Mas hoje ela é perfeita, está 100% bem.
Três meses. O médico falou que do jeito que ela nasceu tinha pouca chance de vida. Se ficasse viva, teria algum problema. Mas hoje ela é perfeita, está 100% bem"
Walter
Como é o nome dela?
Catarina Vitória. É uma vitória, sem dúvida. O nome seria Catarina. E Vitória porque foi uma vitória mesmo. Foi um milagre de Deus mesmo. Está com dois anos, é esperta, parece até que tem três.
De Portugal para o Cruzeiro. E aí?
Outro time grande, né? Agradeço por tudo que o Cruzeiro fez por mim. Só que tem jogador que dá certo num lugar e tem jogador que não dá certo. Eu não dei certo no Cruzeiro.
O que houve?
Tive pouca chance, e os atacantes que estavam lá estavam muito bem. O Wellington Paulista, o Anselmo Ramon, estavam fazendo muitos gols.
Celso Roth disse certa vez que você não teria se enquadrado na filosofia dele em relação ao peso? O que você conversava com ele? O que não deu certo?
O Celso Roth tinha um percentual de gordura que ele exigia. Cheguei no percentual dele. Teve um jogo contra o Náutico, no Recife, cheguei para ele e disse que não queria jogar. Minha cabeça não estava mais no Cruzeiro. Queria ir para outro time. Por isso que não joguei. Se quisesse continuar lá, continuaria. Não queria mais estar lá. Ele sempre foi um treinador que cobra muito. Até brinco que sempre que ele chega num lugar eu peço para sair. Quando chegou ao Inter, eu disse que não precisava contar comigo porque eu tinha proposta e queria sair. Ele falou: “Já arrumou problema para mim, Walter?”. No Cruzeiro, falei a mesma coisa, que era melhor não contar comigo. Mas tinha vontade de trabalhar com ele, encontrei com ele em Portugal em 2010, falei que queria trabalhar com ele. Mas nas duas chances não estava bem. Mas com certeza vai acontecer lá na frente. É um grande treinador.

MOSAICO - WAlter goiás Carreira (Foto: Editoria de arte)
E o Goiás?
Foi tudo, né? Hoje o que está acontecendo na minha vida é graças uma pessoa, que é Deus. A outra é o Enderson (Moreira), treinador. Esse aí que falou que era para vir, que o clube é bom, estrutura boa, e que eu seria um grande jogador aqui. Isso que ele falou. Cheguei aqui, o clube é 100% bom, estrutura boa, paga em dia, paga o bicho em dinheiro, tudo que falou foi verdade. E graças a Deus virei peça importante no Goiás. Agradeço a ele e a todos do clube.
Primeira competição pelo Goiás. Foram quantos gols?
Foi o Brasileiro da Série B. Foram 16 gols, artilheiro do time.
Segunda competição pelo Goiás. Quantos gols?
Campeonato Goiano. Foram 11 gols, artilheiro do time.
Terceira competição?
Está acontecendo, é o Brasileiro e a Copa do Brasil. Seis gols no Brasileiro, artilheiro do time, e três na Copa do Brasil, artilheiro do time.
O que é isso?
Momento bom (risos). Agradeço aos meus colegas de trabalho, meus amigos de verdade. O Goiás é um grupo. Agradeço muito ao Amaral, nosso capitão, que marca muito.
Qual foi a sensação de fazer gol contra o Náutico?
Sensação boa, né? Sempre eu falo que sou torcedor doente do Sport. São rivais. A sensação foi boa também porque deu para o Recife me conhecer mais. O Recife me conhece pouco. Aquele jogo foi ao vivo para todo o Recife. Minha mãe, meu irmão, minha avó, meu avô, todos olhando. E eu faço dois gols ainda. Corro para a câmera, falo que amo minha mãe e grito “É Coque aê!”.
Na sequência vem o jogo contra o Flamengo, Serra Dourada lotado, o que acontece?
Gol de Walter. O gol foi uma jogada do Tartá, ele cruzou, o Paulo estava na bola, falei para ele sair da bola, peguei muito bem, fiz um golaço. Emoção grande porque fazer um gol num clube com a força que tem o Flamengo, com o Brasil todo olhando, você fica marcado. Sem dúvida fazer gol contra Flamengo, Corinthians, times de torcida grande, o Brasil todo olhando, fica marcado.
Hoje o que está acontecendo na minha vida é graças uma pessoa, que é Deus. A outra é o Enderson (Moreira), treinador. Esse aí que falou que era para vir, que o clube é bom, estrutura boa, e que eu seria um grande jogador aqui"
Walter
Tufão?
É, Tufão. Apelido da novela (Avenida Brasil, personagem de Murilo Benício). Cara carinhoso com a família, respeitado, humilde. Por isso que a torcida pensou em fazer homenagem para mim. Ele é uma pessoa boa.
Gosta?
Sem dúvida. Gosto do apelido, a torcida abraçou.
Qual é a pergunta que você acha que vamos fazer?
Peso.
Você acha que isso é um assunto que todo mundo pergunta?
Sem dúvida.
Na rua também?
Na rua até que não, porque as pessoas me olham e dizem que na televisão pareço muito mais gordo. Pessoalmente não é tanto. Muitos torcedores pensam que o jogador é muito alto, muito baixo, e quando vê pessoalmente não é aquilo que a TV mostra.
O que os especialistas dizem? Quanto você pesa?
Estou com 93 quilos. Tenho que estar bem, 100%, mas nunca você vai ver o Walter magro. É meu tipo. Sempre fui assim. Você me pega no Inter, na Copa São Paulo, no Porto, no Cruzeiro. Nunca vai ver o Walter magro.
Tanquinho?
Não é para mim. Nunca vai ver o Walter com tanquinho. Tenho que perder peso? Tenho.
Há ídolos nacionais, como Coutinho, parceiro de Pelé no Santos, que eram gordinhos. No Inter, Claudiomiro foi um ídolo. Te comparavam muito a ele?
Muito. Falavam que ele era mais forte, acima do peso. Mas ele é ídolo do Internacional.
Qual é o seu problema com peso? O que você come?
Eu comia muita bolacha recheada, bebia refrigerante. Isso é o principal, que eu tomo muito. É difícil cortar. Antes, tomava duas ou três latinhas. Estou tentando cortar. Comer eu não como muito. Mas é mais besteira. Antes comia um pacote de bolacha em um minuto, dois minutos. Hoje, eu como três e guardo o resto do pacote. A latinha de refrigerante é uma só.
Você tinha isso na infância?
Não.
Quando a vida começou a melhorar, isso começou a fazer parte?
Lógico. As coisas que não tinha eu comprava para comer tudo. Não tinha condição de comprar bolacha. Não podia comprar sempre. Muita gente levava lanchinho, eu não tinha isso. Esperava a merenda sair.
E hoje?
Tenho condição, gosto, mas tenho consciência de que tenho que perder. Estou chegando na meta que o professor quer e isso é importante.
O peso de Walter é um segredo de estado. Cada atleta tem sua característica. O objetivo é fazer com que ele alcance os melhores índices para aumentar a performance dele. É um menino dedicado, um potencial espetacular. Refrigerante? Totalmente proibido, exceto quando ganha, aí liberamos uma dose. Biscoito recheado? Impossível, deixa para a Catarina, a filha dele. Não pode, não"
Robson Gomes, preparador físico do Goiás
Você precisa perder quantos quilos?
Tenho de perder uns quatro quilos. Se eu não chegar nessa meta, com certeza o professor não vai me colocar para jogar.
É verdade que tem torcedor do Goiás dizendo para você não emagracer? Que, se você perder peso, clubes gigantes vão querer tirar você do Goiás?
Já ouvi torcedor falando isso. Falam que, se eu estivesse 100% bem, não poderia estar aqui. Tenho consciência de que tenho que perder. O preparador físico cobra muito. Não é de agora que tenho esse problema. Sempre tive. Sozinho você não vai para lugar nenhum. Tem que estar com a família e com os amigos.
Qual é o seu sonho?
Meu sonho é continuar bem, ganhar uma vida boa para quando parar de jogar ter um dinheiro bom para pagar a faculdade para a minha filha, para ela não passar o que passei. Ser campeão aqui no Goiás, é um sonho.
E sonho pessoal?
Tentar ser o artilheiro do Brasileiro, quem sabe ser o artilheiro do Brasil. Dá para chegar.
Dentro dos jogos, alguns narradores falam “Walter, o gordinho”. Quer que continuem desse jeito? Te irrita quando falam isso?
Sem dúvida me irrita. Você tem uma filha, e no colégio chamam de gorda. Quero ver se vão gostar. Isso me irrita muito. É só falar que o Walter fez gol e pronto. Ninguém quer ser chamado de gordo. É gol de Walter. Não precisa chamar de gordinho. Tenho família. É a mesma coisa que chamar de preto, baleia. Isso você sente, tem muita gente olhando. Pega mal demais.
Ninguém quer ser chamado de gordo. É gol de Walter. Não precisa chamar de gordinho. Tenho família. É a mesma coisa que chamar de preto, baleia. Isso você sente, tem muita gente olhando. Pega mal demais"
Walter
Acha que pode defender a causa de quem tem problema de peso? Que essas pessoas podem ser atletas também?
Sem dúvida. São tantos jogadores que sofrem com problema de peso, mas não estão gordos. Estão acima do peso, três, quatro quilos.
Você cansa mais do que outros?
Lógico. Coloca cinco quilos para você puxar. Tem jogador que é magrinho, fica três, quatro quilos acima, mas nem parece. Mas nós, que somos mais fortes, aparece muito. Tem gente que é difícil perder. Eu tenho dificuldade. E tem gente que é difícil ganhar.
Vamos almoçar agora, Walter? Quer um biscoito? Refrigerante?
Só uma salada. E uma água. Tem que mudar. Ou o bicho pega (risos)

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