quinta-feira, 17 de outubro de 2013

A batalha de Eike Batista para salvar seu império

Atualizado em 17/10/2013

Fontes próximas às negociações com credores afirmam que dificilmente a OGX escapará da recuperação judicial

As últimas semanas do empresário Eike Batista têm sido de reuniões intermináveis com credores e executivos das empresas do Grupo EBX. O empresário corre contra o tempo para conseguir evitar o desmoronamento de seu império.
A situação mais complicada está com a OGX e a OSX. Época NEGÓCIOS apurou que no caso da OGX, o pedido de recuperação judicial é praticamente certo. Na semana passada uma equipe da petroleira esteve em Nova York para negociar com os credores com os quais a OGX tem uma dívida de US$ 3,6 bilhões, entre eles BlackRock e Rothschild.
Na prática, a empresa não precisa de uma autorização de credores para pedir a recuperação judicial, mas uma negociação entre as partes torna o processo mais fácil. Quanto mais fechada fica a negociação entre as partes, mais fácil fica a recuperação judicial. É como se os jogadores já entrassem em campo com o jogo combinado.
O problema de Eike e sua equipe é o tempo. Pode ser que eles não consigam fechar todos os acordos em tempo hábil e precisem entrar com o pedido de recuperação judicial para evitar um pedido de falência.
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O maior risco da OGX são pequenos fornecedores, para quem a empresa deve quantias menores. Durante o processo de negociação, a companhia pode ficar sem caixa e acabar devendo para estas empresas, que podem pedir a falência da OGX.
Mas se isso acontecer leva tempo para que o pedido seja realmente aceito. É preciso que o juiz aceite e depois a empresa tem dez dias para responder. Durante esse período é possível que a companhia entre com o pedido de recuperação judicial e consiga escapar da falência.
A recuperação judicial não é um desastre completo. Fontes próximas à negociação revelaram à Época NEGÓCIOS que, apesar de difícil, a negociação não é impossível. Mas o que é dado como certo é que Eike e outros acionistas podem continuar importantes, mas certamente não serão mais controladores da empresa.
Pesa a favor da OGX a produção em Tubarão Martelo, que deve começar em dezembro. As primeiras prospecções indicam que “o campo não é uma maravilha, mas é viável e dá fluxo de caixa para a companhia”, disse uma pessoa próxima à negociação. O resultado será uma companhia menor, mas ainda relevante para o mercado.
Época NEGÓCIOS apurou que as partes ainda estão distantes de um acordo. Os credores não têm muito mais a perder, porque os bonds da dívida estão valendo muito pouco. Eles já têm nas mãos um grande prejuízo. Por outro lado, também não pode investir muito mais, já que a OGX é somente parte da carteira.
OSX
Já a situação da OSX pode ter um desfecho diferente. Com ativos importantes, como as três plataformas de petróleo, a empresa tem chances de escapar da recuperação judicial. No entanto, precisaria conseguir vender estas plataformas: uma está no campo de Tubarão Azul, outra na Malásia e a terceira em Tubarão Martelo.
O dinheiro com a venda desses ativos seria suficiente para pagar a dívida e ainda sobraria um pouco. Se a empresa conseguisse renegociar a dívida do estaleiro com credores, seria possível continuar produzindo sem precisar entrar em recuperação judicial. A companhia ficaria menor, mas continuaria sendo controlada por Eike Batista.
Outro cenário para a empresa seria a deterioração da confiabilidade que poderia atrapalhar na negociação. Se isso viesse a acontecer, a empresa não teria tempo necessário para vender as plataformas e garantir recursos, sendo obrigada a negociar por meio de recuperação judicial.
Falência ou recuperação judicial
A principal diferença entre um pedido de falência e a recuperação judicial está no controle da companhia. Normalmente o pedido de falência é feito por um fornecedor ou credor que não recebeu o pagamento da dívida. Num processo de falência, os controladores da empresa são afastados e a companhia para a ser administrada por um interventor, que tentará liquidar o patrimônio e pagar todas as dívidas.
Já na recuperação judicial, o objetivo é justamente impedir a falência. Os controladores da empresa fazem o pedido a um juiz e, uma vez aceito, a empresa pode focar seus esforços em retomar a saúde financeira, negociando novos prazos e condições para o pagamento da dívidas.

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