quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Ascensão e queda de Eike espelham trajetória recente do Brasil, diz 'NYT

Atualizado em 31/10/2013 10h20

Para jornal americano 'The New York Times', país vinha crescendo rapidamente com boom das commodities, mas agora amarga sinais de declínio, como queda acentuada no mercado de ações

Eike Batista, em imagem de arquivo (Foto: Reuters) 
Eike Batista, em imagem de arquivo
Uma reportagem publicada nesta quinta-feira no jornal americano New York Times afirma que a ascensão e queda do empresário Eike Batista espelha a trajetória recente do Brasil, que vinha crescendo rapidamente, impulsionado pelo boom das commodities, mas agora está declinando.
'O mercado de ações no Brasil caiu mais de 11% neste ano, enquanto os principais mercados ao redor do mundo vêm acumulando ganhos', afirma o diário.
Ainda segundo o jornal, os protestos que tomaram conta das ruas brasileiras em junho refletem o ressentimento dos brasileiros com um governo que vem canalizando recursos para projetos controlados por magnatas como Batista.
A OGX, petroleira de Batista e considerada a joia da coroa de seu conglomerado EBX, entrou com pedido de concordata na quarta-feira após terem fracassado as negociações com credores.
Um analista ouvido pela reportagem do NYT afirma que já estava claro, desde 2011, que a OGX não seria tão bem sucedida como divulgava.
Marcus Siqueira, do Deutsche Bank, menciona um relatório em que a petroleira afirmava ter 10 bilhões de barris em reservas. Mas, segundo o analista, para atingir esse número, a companhia acrescentou reservas que ainda não estão confirmadas.
'Apesar desta discrepância ter estado lá para todo mundo ver, poucos prestaram atenção', disse Siqueira.
'É o mesmo (como) em toda bolha. Há um momento em que todo mundo só quer ouvir boas notícias'.
Lição para investidores.


Uma análise publicada nesta quinta-feira pelo diário financeiro britânico Financial Times questiona se o naufrágio do império de Batista pode se tornar uma dor de cabeça para investidores americanos e europeus que detêm bonds de companhias latino-americanas.
Analistas ouvidos pelo jornal opinam que, apesar de a região ter assistido a algumas derrocadas corporativas, como a de empreiteiras mexicanas, o desfecho da crise na OGX não deve afastar investidores.
'A situação com a OGX foi bem divulgada e os investidores mais dedicados sabem que os problemas com a companhia eram bem específicos e não impõem um risco sistêmico maior', afirmou Daniel Shirai, analista da Brasil Plural, em Nova York.
Ainda assim, o jornal avalia que o caso OGX deve deixar uma lição para os investidores, já que, em retrospecto, eles foram 'prematuros' ao ampliarem injeção de recursos na companhia em meio a um cenário em que muitos dados não estavam claros.
'Mas o problema é que o mercado tem memória curta. Podemos esperar que novos erros serão cometidos novamente'.

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