terça-feira, 10 de setembro de 2013

Ações de Eike Batista pressionam e Bolsa fecha em queda de 0,5%

Atualizado em 10/09/2013

OGX puxa Bovespa para baixo e interrompe sequência de 4 altas

 Eike Batista, CEO do grupo EBX e da MMX, durante conferência de imprensa no Rio de Janeiro
 SÃO PAULO, SP, 10 de setembro (Folhapress) - Na contramão dos mercados internacionais, que subiram diante de dados positivos da economia chinesa, o principal índice de ações da Bolsa brasileira, o Ibovespa, fechou hoje em leve queda de 0,5%, a 53.979 pontos. Com este desempenho, o índice interrompeu uma sequência de quatro altas.
O índice passou toda a manhã no campo positivo, mas inverteu a tendência durante a tarde influenciado pela desvalorização dos papéis do grupo EBX, de Eike Batista.
"Parte da queda do Ibovespa também pode ser atribuída a venda de papéis por alguns investidores que pretendiam embolsar lucros com ações compradas antes da forte alta da Bolsa brasileira desde a semana passada", diz Julio Hegedus, economista-chefe da Lopes Filho.
As ações da OGX, petroleira de Eike Batista, encerraram o dia com desvalorização de 11,63%, a R$ 0,38. O movimento reflete a notícia de que a agência de classificação de risco Fitch rebaixou a nota da dívida da petroleira em moeda estrangeira e local. A classificação caiu dois níveis, de CCC para C, o que aponta um risco de crédito "excepcionalmente alto", com inadimplência iminente ou inevitável.
Além disso, a OGX informou hoje que não produziu petróleo no campo de Tubarão Azul em agosto.
"Sem um nível de produção que seja suficiente para suprir suas necessidades de caixa e não contando com um aporte do controlador, a OGX caminha para a completa inviabilidade", diz Silvia Zanotto, analista-chefe da Planner, em relatório.


Já as ações da MMX, mineradora de Eike, registraram a maior baixa do Ibovespa no dia, com perda de 17,11%, a R$ 1,89, depois que a empresa afirmou que negocia a venda do controle do Porto Sudeste para as estrangeiras Trafigura e Mubadala.
Fora do Ibovespa, a MPX, companhia de energia controlada pela alemã E.ON e por Eike Batista, informou hoje que o empresário está negociando a venda de suas ações. No entanto, a empresa diz que até o momento não há qualquer contrato assinado. As ações da MPX subiram 0,85%, para R$ 5,95.
"Os papéis do grupo X têm
peso relevante sobre o Ibovespa, especialmente a OGX. A queda dessas ações tem força para mexer com o desempenho do mercado", diz Rogério Oliveira, especialista em Bolsa da Icap.
Nem mesmo as altas de 1,84% e 0,94% das ações mais negociadas da Vale e da Petrobras, respectivamente, conseguiram amenizar a queda do Ibovespa. Esses papéis, juntos, representam mais de 16% do índice.
A alta das Bolsas no exterior reflete o crescimento de 10,4% na produção industrial chinesa em agosto, na comparação com igual período de 2012. Além disso, as vendas no varejo chinês tiveram crescimento de 13,4% no mesmo período.
Segundo Luiz Gustavo Pereira, estrategista da Futura Corretora, também pesou a favor dos mercados no exterior o menor risco de um conflito entre nações do Ocidente e a Síria depois que os EUA propuseram que o país do Oriente Médio entregasse as armas químicas.
"Com isso, houve uma queda nos preços do petróleo, que estavam sendo pressionados pela possibilidade de conflito, uma vez que a região em que a Síria está localizada é estratégica para o escoamento de boa parte do petróleo consumido no mundo", avalia o estrategista da Futura.
A queda no preço do petróleo no exterior é um fator positivo para a Petrobras, que importa derivados dessa matéria-prima por um preço superior ao que ela vende no Brasil por causa da política de controle da inflação do governo.
Dólar
No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou em alta de 0,35% em relação ao real, cotado em R$ 2,287 na venda. Já o dólar comercial, utilizado no comércio exterior, avançou 0,17%, a R$ 2,282.
Segundo operadores, como a moeda americana acumulou forte queda nos últimos dias, que a levaram a se afastar do patamar de R$ 2,30, investidores aproveitaram a cotação mais "barata" para comprar dólares, o que fez a cotação inverter a queda vista pela manhã e acelerar a alta ao longo da tarde.
O Banco Central realizou pela manhã um leilão de swap cambial tradicional, que equivale à venda de dólares no mercado futuro. A autoridade vendeu 10 mil contratos com vencimento em 3 de fevereiro de 2014 por US$ 496,9 milhões.
O leilão do BC hoje estava previsto pelo plano da autoridade para conter a escalada do dólar. O programa do BC -que começou a valer em 23 de agosto- prevê a realização de leilões de swap cambial tradicionais de segunda a quinta, com oferta de US$ 500 milhões em contratos por dia, até dezembro. Às sextas-feiras, o BC oferecerá US$ 1 bilhão por meio de linhas de crédito em dólar com compromisso de recompra -mecanismo que pode conter as cotações sem comprometer as reservas do país.


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