quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Auditoria revela rombo de R$ 83 milhões e negociações nebulosas

Atualizado em

Relatório aponta pagamento de imposto de renda do funcionário, antecipação das cotas de TV e situação econômica preocupante

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A caixa de pandora do Bahia foi aberta e o resultado é mais assustador do que se previa inicialmente. Nesta quinta-feira, o jornal A Tarde, de Salvador, divulgou o resultado da auditoria realizada pela empresa Performance nas contas do Tricolor, abrangendo o segundo mandato do ex-presidente Marcelo Guimarães Filho, entre 1º de janeiro de 2012 e 30 de junho de 2013. Segundo o documento, o clube possui dívida de R$ 83.283.385, débito que, "se não for tempestivamente equacionado" pode até "comprometer a continuidade operacional da Entidade", diz o relatório.
O valor do rombo nas contas do clube pode ser ainda maior. Conforme projeção elaborada pela auditoria, as dívidas do podem chegar a R$ 132,9 milhões. A cifra pode ser maior ou menor, já que existem valores que ainda não foram registrados contabilmente no Bahia.
Somente nos últimos seis meses de segundo mantado de MGF à frente do Tricolor, foram contraídos R$ 20 milhões em dívidas. Para piorar o quadro, várias fontes de receita do clube foram comprometidas, como as cotas de transmissão dos jogos para TV. A auditoria identificou que a antiga direção do Bahia fez um adiantamento de R$ 40 milhões relativos aos bônus de contratos de direitos de transmissão. O valor corresponde aos anos de 2012 a 2018 para transmissão dos jogos do Bahia.
Negociações nebulosas


O relatório da auditoria também aponta a existência de negociações nebulosas entre o clube e terceiros.
- A administração do Bahia vem realizando frequentes pagamentos em dinheiro ou com cheques ao portador, de valores relevantes, o que aumenta o risco de irregularidades - diz o documento.

Alguns cheques foram emitidos em nome do Esporte Clube Bahia, sem que a auditoria conseguisse identificar quais teriam sido os serviços prestados pelos beneficiários.

Foi avaliado ainda que o clube pagou o imposto de renda do funcionário Sérgio Beserra, também conhecido como Kabrocha, em maio de 2012. O valor foi de R$ 3.652,29 e não foi detectada a devolução do montante.
Apropriação indébita

De acordo com o relatório, existe a prática de crime de apropriação indébita na gestão de Marcelo Guimarães Filho (com pena prevista no Código Penal de 1 a quatro anos, além de multa). A auditoria aponta que R$ 23.389.907 em dívidas são “decorrentes de retenções na fonte de impostos e contribuições sociais que não foram recolhidas”.

- Este fato (...) representa um ato ilícito que poderá acarretar graves penalidades para a Entidade e seus dirigentes – atesta o documento.

O Bahia não quitava regularmente o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) dos jogadores. Recentemente, o clube virou alvo de ações na Justiça do Trabalho e perdeu atletas das divisões de base por não recolher o FGTS. O lateral Madson, titular da equipe principal em várias rodadas do Brasileirão, também conseguiu se desvincular do clube, mas teve a liminar revogada e voltou a ser jogador tricolor poucas horas depois.
Fernando Schmidt promete ir 'às últimas consequências'
De São Paulo, o presidente do Bahia, Fernando Schmidt, conversou com o comentarista da TV Bahia Darino Sena nesta quinta-feira. O dirigente comentou o relatório apresentado pela auditoria e revelou quais pontos contidos no documento considera mais graves.
- Quero ressaltar que o relatório entregue pela firma de auditoria não é ainda o final. Mas o que já foi relatado é verdadeiramente estarrecedor. A primeira providência que vou tomar é enviar ao MPF, MPE, para que eles examinem as questões que lá estão. Estão relatados ali ilícitos penais, como apropriação indébita, além de outras atitudes que indicam a possibilidade de gestão temerária ou fraudulenta. Não vamos nos conformar em simplesmente ver isso divulgado e providência nenhuma ser tomada. Vamos às últimas consequências - disse.
- Apropriação indébita é um ilícito penal. A pessoa que pratica isso responde, inclusive, com seu patrimônio sobre essa lesão tanto ao fisco federal como ao fisco estadual. Ninguém pode reter dos outros parte de seu salário e não cumprir a obrigação de fazer o recolhimento devido para o qual foi feita esta retenção. E o enorme número de cheques ao portador ou pagamentos em dinheiro sem recibos, sem datas, que foram denunciados, elencados neste relatório. Que dinheiro é esse? Quem pagou? Pagou para quem? Com que objetivo? Para realizar que tipo de serviço? Esses serviços foram realizados? Tudo isso precisa ser respondido - completou.
O presidente ainda comentou os itens do documento que ele considera como apropriação indébita e voltou a prometer que vai 'às últimas consequências' neste caso.
- A retenção de INSS, por exemplo. Clube tem a obrigação de fazer essa retenção para, posteriormente, promover o recolhimento. Isso não foi feito. Para onde foi o dinheiro? Além de estarrecido, estou indignado. Agora não sou homem de ficar apenas da indignação. Vou levar essa questão às últimas consequências.
O dirigente vai conceder entrevista coletiva na próxima terça-feira para falar sobre a auditoria realizada no clube e revelar detalhes sobre o relatório apresentado.

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